quarta-feira, 7 de março de 2012

Oito Minutos

            O sol está distante da Terra cerca de 150 milhões de quilômetros. Considerando que a luz viaja 300 mil Km/s, conclui-se que a luz solar demora cerca de 500 segundos para chegar até a Terra o que, convertendo em minutos, equivale a cerca de 8,3 minutos. Ou, arredondando pra baixo, 8 minutos.
            A luz que ilumina nosso caminho para o trabalho, que brilha em nossas janelas ao nos acordar e que é o principal combustível para a fotossíntese das plantas e pra nossa vida, é uma luz que viaja por 8 minutos pelo espaço sideral para chegar até nós.
            Se um dia o sol explodir (o que é pouco provável, mas não impossível), nós, meros mortais, ainda vamos aproveitar a luz solar por 8 minutos.
            O que faríamos nesses 8 minutos? Muitos se converteriam (“Eu avisei que o Juízo Final seria hoje” diriam vários “profetas” contemporâneos), outros se matariam de uma vez para poupar maiores sofrimentos, afinal, sem o sol, não temos a menor chance de sobreviver. Mas alguns tentariam prolongar os oito minutos da luz solar, através de estufas artificiais, fogueiras com todo o material disponível (muitos livros encontrariam alguma utilidade) e armazenariam todo o tipo de mantimentos, até que se chegasse ao fim toda a matéria prima do planeta.
            A vida se prolongaria por dias, semanas, talvez até meses, mas os 8 minutos chegariam ao fim. E todos morreriam.
            Certas coisas não se podem evitar. E isso não é algo que se aprende em casa ou na escola, só aprendemos isso ao nos depararmos em uma situação assim: querer continuar com algo que está chegando ao fim.
            Infelizmente, todos passam por uma situação como essa, em maior ou menor proporção. Todos tem um sol que, do nada, numa linda noite de verão, explode. O problema é que o calor e a luz do sol fazem tão bem que gostaríamos de prolongar ao máximo esses últimos minutos em que sentiríamos essa presença. Mas a própria natureza, ou a vida, ou o destino, ou um ser superior a tudo isso, nos impede que esses 8 minutos sejam eternos. E se há alguma verdade nesse mundo é isso: não há nada que se possa fazer para evitar.
            Quantas pessoas-sol, sonhos-sol, amores-sol, vidas-sol explodem na nossa vida e adoraríamos que os nossos últimos 8 minutos com eles fossem prolongados e eternizados?
            Todos falam que a morte é o mais triste da vida. Eu não consigo concordar com isso. O pior é o adeus, já que ninguém nos prepara pra ele. Enterrar um ente querido não é tão difícil quanto dizer “adeus, vou seguir agora sem você”. Seguir o caminho sem o que amamos é o mais complicado.
            O que deveríamos aprender é que, ao contrário da Terra, que não tem escolha, nós podemos ter novas estrelas pra nos guiar e ser nossa luz. Dar adeus ao sol das nossas vidas não significa apagar a lembrança, mas continuar, em busca de um novo sol.
            E isso, que não precisa de explicação científica, é o que precisamos para não morrer. Estrelas desaparecem, todavia, outras surgem; é só preciso procurar! Mas pra isso é preciso seguir, e não prolongar os 8 minutos.

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