sábado, 12 de novembro de 2011

Nunca deixe para depois...


   Meu primeiro sonho neste blog é uma história que me causa um tanto de tristeza.
   Quando estive em Maceió no início de 2005 comprei um barquinho de madeira, algo típico da região para a minha madrinha.
   Mas logo quando cheguei em casa tive um problema de saúde e precisei ser internada com urgência. Passei o resto das férias de cama, e não pude entregar o presente. Mas aí, pensava comigo "logo vou visitá-la e entregar, só preciso melhorar".
   De fato, logo  a vi. Mas esqueci o barquinho em casa. Novamente pensei "terei outra chance logo."
   Pouco tempo depois nos mudamos e acabei perdendo o pacote do barquinho no meio de tantas caixas e coisas antigas. E o tempo continuou correndo...
   Muito, muito tempo depois achei o presente. E logo pensei "da próxima vez que eu vir a irmã, vou entregar o barquinho."
   Logo após a Páscoa de 2007, ela me visitou em casa. Conversamos muito. Falamos da faculdade, dos amigos, falei do grupo de jovens que participava, falamos de música, enfim, foi uma tarde maravilhosa. E no meio de tanta euforia por ganhar chocolates e um anel, esqueci de correr até meu quarto e pegar o barquinho que estava devidamente embrulhado num lindo papel de presente.
   A irmã foi embora, mas pensei "ah, na próxima vez eu entrego."
  Um mês depois ela foi para a Itália, e foi diagnosticado um câncer no pâncreas. Eu nunca mais a vi.
   Em junho de 2008 ela faleceu na Itália.
   Não sei dizer o que foi perdê-la. A irmã Madalena foi uma mãe espiritual, uma amiga, uma pessoa que me fez enxergar a vida por outro aspecto. Ela me mostrou que existe algo que torna meus sonhos ainda maiores e mais especiais. Ela me lapidou, e confiou em mim em tantos momentos que não sei o que teria sido sem ela. Até hoje me pergunto do porquê de sua partida, me deixando, de certa maneira, orfã espiritualmente.
  Mas o que mais doeu foi não ter entregue o barquinho. Eu tive tanto tempo pra fazer isso e fui adiando, adiando e de repente, o tempo, que jamais perdoa, me tirou a chance de ver seu sorriso ao vislumbrar uma obra de arte. Eu faria qualquer coisa para ter a chance de lhe entregar aquele barquinho e ver seu sorriso.
  No dia seguinte após a notícia de sua morte fui visitar a Adri, sua fiel companheira, e entreguei o presente. Já não tenho o barquinho comigo e sei que ele está em melhores mãos.
  O que quero dizer com isso é que não deixe pra depois o que você pode dizer agora. Não deixe de falar para alguém que você o ama e quer ficar com ele, mesmo que você leve um fora. Não deixe de falar para um amigo o quanto ele é especial, ainda que ele zoe com a sua cara. Não deixe de dar um abraço nos seus pais, padrinhos e avós ainda que eles não entendam seu jeito. Não deixe de fazer algo porque seu cabelo tá horrível ou você não tem a roupa que gostaria. Oportunidades são únicas na vida e só existe um arrependimento: o de não ter feito.
  Eu precisei sentir na pele essa dor, mas você não precisa. Pegue esse exemplo e leve consigo. Não deixe para amar depois. Não deixe para viver depois. Não deixe para sorrir depois. Ame agora. Viva agora. Sorria agora.
  O tempo é implacável, jamais perdoa. Se você deixar para depois, corre o risco de deixar para sempre...

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