segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

PELO FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA OS JOVENS!

           

             O caso das três adolescentes e do jovem que espancaram e esfaquearam a adolescente Jéssica Borodiaki dos Santos, causando a sua morte, chocou a região de Guarapuava/PR. O que deixou a população mais perplexa foi o motivo fútil não totalmente esclarecido (até agora a história que prevalece na imprensa é que as adolescentes tinham ciúme da beleza de Jéssica).
            Como todos, também fiquei pasma com a história e também fiquei muito triste. Como defensora da Campanha Nacional da Pastoral da Juventude Contra a Violência e o Extermínio de Jovens fico muito chateada ao receber essas notícias. Penso na vida que foi perdida e famílias que foram destruídas com essa tragédia. E apesar de não ter convivido com Jéssica sua morte me causa muita tristeza.
            Conhecendo a Justiça Criminal de Guarapuava e a Justiça da Infância e Juventude (e conheço bem) tenho certeza que os Juízes, Promotores e técnicos responsáveis pelos caso, irão atuar da melhor maneira, e as medidas cabíveis serão aplicadas da melhor maneira possível. Tudo será feito conforme prevê a nossa Legislação.
            Mas será essa a justiça que buscamos? Será que é isso que vai resolver o problema de segurança que assola nossa sociedade e se reflete em nossas escolas?
            Não, o problema de Segurança Pública está longe de ser solucionado.
            Ainda que todos os envolvidos sejam punidos com as penas de reclusão e internação (no caso das adolescentes) mais brigas de colégio que resultam em morte continuarão acontecendo porque não combatemos a violência simbólica que permeia hoje nossa cidade, nosso país, nosso planeta.
            A violência simbólica é de difícil combate porque não conseguimos enxergar. Somos atingidos por ela todos os dias e não percebemos.
            Nesse caso, foi noticiado que a principal motivação para a briga foi a beleza de Jéssica. Certo, e por que jovens, que também são bonitas, se incomodariam tanto com a beleza de uma colega? Provavelmente alguém deve ter dito que Jéssica era mais bonita. E esse alguém com certeza está se baseando num padrão de beleza que nos foi imposto por uma sociedade comercial que determina o que é bom e mau, o feio e o bonito, o corajoso e o covarde.
            Isso preocupa muito. Jovens e adolescentes não estão tendo poder de escolha na sua identidade. Tudo já vem enlatado. Quem não se encaixa nesses padrões é excluído, e os excluídos vão tentar se encaixar de alguma forma. Ou aceitarão sofrer mais violência (como o caso das meninas que sofrem com anorexia e bulimia, que fazem de tudo pra se encaixarem no padrão “PP” social) ou irão eliminar tudo o que lhes mostra que não estão no padrão exigido por todos nós.
            E de quem é a culpa? Não dá pra culpar só as famílias, a escola, a polícia, a Justiça, o Estado como um todo. A culpa é de um sistema que prega o individualismo a qualquer custo. Um sistema que não permite se alegrar com a qualidade de ninguém e mais, não permite valorizar o diferente. Se não está no rótulo social, tchau.
            É ainda pior: coloca que se você não for o melhor em qualquer coisa, ninguém mais pode ser. O sistema individualista de não aceitação do diferente e essa cultura distorcida em que determinam quem você é (só esquecem de perguntar pra você mesmo quem você realmente é) está matando nossos jovens e adolescentes.
            Pois é. Mais meninas como Jéssica serão vítimas de violência, podendo inclusive, perder a vida; se continuarmos pregando essa cultura absurda em que não se aceita o outro, em que não se respeita o outro ser humano pelo simples fato de ser humano. E essa culpa é minha, é sua, é de todos nós.
            A educação para a paz, consistente principalmente no respeito à dignidade da pessoa humana, está nas nossas mãos. Não podemos nos calar diante de tanta violência e de tantas injustiças sociais. Precisamos mudar esse quadro e permitir que jovens como Jéssica e os outros jovens envolvidos levem uma vida saudável, de valorização de suas qualidades e respeito aos demais seres humanos.
            Basta! Chega de violência e extermínio de jovens!

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